fronteira

Amanhecer: recortar o céu estrelado em filetes
e emendá-los,
pelas pontas,
em um totem
para lançar poeira estelar por aí.
Chicotear as nádegas do tempo
para que ele pare de fingir que existe.

Anoitecer: recortar o céu azul da manhã
e com ele tecer mantas
para encobrir o que há de afeto
no centro do coração templário de um dragão.

E da noite e do dia,
fazer remontar, num tropeço,
todo o caos da Criação e
reassisti-lo e
reesquecê-lo
para que assim,
de mãos dadas com o que intui em nós,
tivesse o privilégio de experimentar,
num átimo de lambuzamento,
a presença do divino.

São Paulo, 31 de janeiro de 2011.

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