no corpo, uma ilha à procura do sol!

Do álbum "Futura", 2005.


Trabalho é bom e eu gosto?
Depende.
Há que se gostar do trabalho burocrático que apresenta uma falsa imagem de neutralidade e eficiência?
Há que se gostar do trabalho burocrático que mascara os conteúdos ideológicos da acumulação de uma minoria, dita detentora do saber técnico?
Há que se gostar do trabalho que fragmenta e desumaniza o espírito?
Bem, há quem goste, não há dúvidas. Mas quem seriam estes?

Segundo Adorno, filósofo alemão do século XX, esses conflitos apresentados acima são dissimulados e despercebidos na medida em que o humano perde sua dimensão crítica.




Onde existe APENAS a “razão instrumental”, ou seja, aquela voltada para os critérios da técnica produtivo-competitiva do mercado, o que há de humano é mutilado e reduzido. Daí a bestialização das atitudes de alguns indivíduos.

Porém...
Há que se saber: o trabalho também pode ser entendido como instrumento de realização pessoal, humana, de apreciação e prazer na medida em que resulta em aprendizagem, estímulo à sensibilidade e à razão, na medida em que nos trás BOM SENSO e EQUILÍBRIO.
Não há como negar o valor do trabalho ou da “razão instrumental”. Isso é fato. A ideia, porém, é resgatar, ao menos em forma de pensamento, o que foi perdido em termos de humanização.

Não deveria o trabalho estar a serviço do humano e da sensibilização?
Não deveria o trabalho ser entendido como forma de prazer em benefício da humanidade?
E me diga:
Seria possível unir o pólo técnico-mercadológico ao pólo humano-libertador?
“To be, or not to be? That is the question.”

No mais, como diria a Nação Zumbi:
"No corpo, uma ilha à procura do sol"!

Um comentário:

Telg disse...

acabei de ler um livretico sobre a noção de "conscientização" do Paulo Freire, e me enchi de ideias...

talvez o trabalho libertador e humanizante só seja possível com a conscientização e uma ação cultural revolucionária deflagrada no sentido de se derrubar esse "paradigma da opressão" vigente que comanda o trabalho. Quando o ideal do oprimido deixar de ser "tornar-se opressor" e começar a ser "libertar-se do sistema opressor-oprimido", o trabalho poderá ser libertador e trabalhar o humano como individuo carregado de potência particular e única.

...