sutilezas II

Nem sempre se diz o que se consome de imediato. Calções de molho na beira da bacia. Debito súbito de ovos lacrimosos e o peso do motor garante a leveza de barco bebum. Sabe-se lá que varanda é essa que acena para os jacarandás? Uma reza e uma espera latejam vibrantes na água fresca da morte. Posso vender meu dinheiro para tocá-lo de leve na lavanderia ardente. Não tenha medo, querida, tudo tem chão lá para as colinas incas do subaru! Movimento íngreme de altura antagônica. Sou iluminista contra reis e rainhas. Eu... de meu jardim estrelado contra reis e rainhas. Chega de poderes absolutos e divinos... quero luzes pelas visitas amorosas. Levou-me o cometa. Um muro sobre mim restringe meu grito ao lado todo. Minas de prata não incidem no oeste. Sou mestre mago de óculos tortos e dedos longos, enrugados metafisicamente, antigo, mas jovem de impressão interna. Madrasta má... deixe-as livres... as minhas meninas... flufs... melancólicos dos chifres acorrentados de pegasus cintilante... asas cortadas... pode ser possível. Possibilidade etérea. Luzes infernais refletem a claridade vermelha do enxofre. Morte aos feudos e às jardas no geral. Nietzsche nascerá vivo como nunca até depor contra o mal institucionalizado. Guerreiro solitário na lucidez mórbida do mundo transparente. Imagem para que? Para a sintonia, quero asas de poeira dispersa e vária feito fumaça. Não quero impossibilidades divergentes. Suspenso na caverna, apenas narrativas tortas. Nenhum ideal é nobre. Após o rosto, a carne, os ossos, o pó, a morte... as possibilidades... cansei. Cheiro de pernas, fadigas prazerosas dos flancos, menção dos dedos ligeiros e densos caminham em Fausto enaltecido. Isolado, pleno das alturas, sóbrio e louco, tão jogado... sem Deus ou vagas. Medo de que na morte? Num tempo de delicadezas, talvez... até aqui apenas encantado com agressões... pleno de asas... ninguém soube... todos riram... meus instrumentos são desconhecidos para invadir cabeças de orquestras viciadas. Eu sabia que isso iria acontecer, como a certeza da morte que nos santifica. Não temo sentimentos. Alguns são todos. Tudo é intensidade. Não fecho o meu lar... pois não há chaves para as palavras. Um caldeirão borbulhante promete um novo cosmo derretido e explosivo na túnica dos astros. Nada... simples deixar a mente fluir corajosa... sem erros... pois não há erros... tudo é igual. Areias pesam, labirinto infernal sem entendimento comum. Saio na chuva, tropeço no lodo verde. A festa é boa e ninguém quer acender as luzes. Aponto a fechadura... mas quem tem coragem? Sou dedo inflexível e covarde. Seja o que quiser em todos os gestos. Diga ou cale... tudo é sentido sempre. Não posso tocar tão profundamente seu ser!

São Paulo, 15 de maio de 2004

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