Noutra face faceira,
sorridente no chão laranjeira,
um homem sem eira nem beira
belisca o grão da semente.
Contente, coitado, o demente
coça a valeta elástica,
penteando o futuro,
com unhas sujas.
Fios de terra iguais e ordenados
redobram suas esperanças sonoras.
Que haja água, que haja sol,
estrume de vaca e arrebol.
Justo cidadão moreno
trancafia sua fome na alma do Brasil
penteando o futuro
com unhas sujas de esperança.
São Paulo, 8 de março de 2004
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