cobertor furado

O homem sentado na cama
olha as listras do cobertor.
Sua vida é como aquilo:
vai e vem interminável.
Ele pensa não querer
aqueles trâmites emaranhados,
mas das linhas, a maciez lhe interessa...

Pensa melhor:

O cobertor já não é tão agradável,
nem tão macio assim,
se comparado de quando ele era mais novo.
Olha só,
tem até um furo no meio!

Então conclui:
Vou trocar de cobertor,
mas e quanto a minha vida?

São Paulo, 22 de maio de 2003

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