Inacabado

Falta-me a poesia do momento
para que se diga o mais que já se foi dito.
Nada que possamos atingir é irretocável,
feito a força do navegar dispersos e seguros.
Falta-me a poesia do inacabado,
pois este é como o vento
que suspira sua queixa vociferada
nas beiras das coisas:
sopro o mundo assim, assim...
Falta-me e sobra-me tudo mais,
como quem está no lugar certo a
passos errados,
como quem sonha que é real e
esquiva-se pela cortina de vácuo,
sem opções de saltar da máquina.
Falta-me o inacabado ou sobra-me,
feito coisa viva que pulsa viril até
recomeçar.

São Paulo, 2 de maio de 2004

Nenhum comentário: