Corpo nu,
empurrado pelo raio do sol
feito juba de leão bravio,
entoa movimentos pelo chão fresco
sentindo os sons delicados das aves em algazarra.
Empunhando rara grafite,
que faz sombra duvidosa pela folha de papel,
uma simples cortesia sóbria e sem graça
aguarda uma saída sublime e bela.
Mas que nada...
Uma nuvem de poeira
encobre os olhos incomodados
por ciscos latejantes
e o que deveria ser emoção
torna-se tormento e insegurança.
Desconheço os cantos todos dos pássaros;
posso reconhecer apenas
um pardal safado sobre o muro.
De resto,
há vários em suas cantorias,
mas nenhum conhecido
de minha pequena ciência rural.
Posso... E limito-me a dizer,
que são todos suaves e gentis.
Pele ao sol cheirando descanso,
corpo solto,
largado de perfil ao solo,
aguarda, em triste expectativa,
uma frase
que alavanque os ânimos
das palavras decantadas
no poço fundo e largo
em extrema letargia literária.
Conchas, 13 de julho de 2004
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