M

Existe, em algum canto transversal dessa dança herética,
um delírio cativante.
No topo da imaginação,
um botão em pétalas acaricia meu céu onírico:
um contrapeso psíquico em minhas reincidências.

Em um ninho dito proibido pontilho,
quase esporádico,
meu medo e minha euforia,
minha ansiedade e minha fantasia.

Cada passo, cada toque,
gesto ou trejeito aludem ao jardim impressionista
daquelas noites de vento nos pés do eucalipto.

Na respiração apressada,
feito crina de fogo,
um desdobrar impune de pensamento galopante, desnorteado.

A pressa afoita dos pedais,
no medo do silêncio enrijecido,
enche de barro minhas lágrimas no alto dos morros.

E um canto saboroso,
de resquício na verdade,
conforta minha angústia de escarro resinoso nas estradas dos confins.

São Paulo, março de 2010

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